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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um bom ano

A folha em branco pede palavras
Palavras amenas e tranqüilas
De noites quentes e etílicas
Alegres lágrimas contidas

A paz é quase uma regra
Provocações sinceras
Um texto ainda confuso
Com versos de estrelas

Caneta usada, ainda com tinta
Escrevendo novas vidas
Um bom ano.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Será que ficou legal essa merda?

Preciso aprender a escrever coisas mais legais
Bater com a testa na parede do cinismo
Pensar da forma mais simples e clara
Sentar em banco de idosos e sair rindo

Ser mais leve, arrotar em público.
Passar a mão na bunda dela
Cuspir migalhas na mesa
Jogar bitucas de cigarro da janela

Gostar de ser igual
Odiar política e gostar de Luan Santana.
Deve ser bem mais simples

Bem mais simples.
Será que ficou legal essa merda?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

É você, Hé!

Cantando entre prédios e almas
Mais velhos e reais que sonhos
Caminhando no incrível
Tapete escuro encantado

Cada cena gravada
A camisa das treze listras
Morangos imaginários
Um pássaro preto voando

Lágrimas do fundo
Sorriso de sol
Olhar enigmático
Mãos apertadas

O tempo parado por séculos
Não havia mais ninguém na multidão
Apenas cabelos cor de ouro
É você, Hé!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Torcida no céu!

Tadeu jogava no gol, defendia pênalti de cabeça e pulava carnaval vestido de mulher no “Vai Quem Quer”. Tomava aquela cervejinha, torcia pelo Santos e tinha a alma de criança. Fazia churrasco, jogava tênis de mesa muito bem e tinha óculos quase de fundo de garrafa. Foi meu treinador na AABB, tio e padrinho. Certa vez, quando me viu chegando, de uma noitada daquelas, disse: “desse jeito você não chega aos quarenta”, que pena que ele não passou dos cinqüenta. Há três anos subiu para o andar de cima.

Dona Jacira comia banana com comida, não gostava de milho e coca-cola. Era apaixonada por leitura e seu passatempo predileto eram as palavras cruzadas do jornal do Seu Orlando. Na cozinha, meu prato predileto era uma carne desfiada sensacional, que ela fazia sempre. Gostava de marchinhas antigas e não ligava para novelas. Diziam que eu era o neto querido dela, era palestrina super verde e quando foi embora tinha uma camisa alviverde com ela. Foi morar no céu em 2004.

Seu Orlando se vestia de Papai Noel e ficava perfeito. Vermelho e bonachão, precisava apenas de uma barba branca postiça. Cozinhava muito bem, muitos dizem que fazia uma feijoada de comer sem culpa na consciência. Só tomava cerveja Antarctica, ao lado dele, do meu avô, tomei meus primeiro goles, aos domingos antes do almoço, vendo Campeonato Italiano na TV. Um São-paulino que ficava ainda mais bravo quando seu time perdia para o meu, e depois que viu o Brasil ganhar a Copa de 94, acabou aposentando sua caneca de lata e foi conhecer o Criador.

Tia Benê foi embora em 2003, dizia-se são-paulina, mas gostava mesmo era do Taubaté. Odiava o Silvio Santos, a Hebe Camargo, São José dos Campos, Guará e o Corinthians. Mas tinha um carinho absurdo com animais, e criou e amou com uma mãe e avó seus sobrinhos e sobrinhos-netos, tive a sorte de ter sido um deles.

Recentemente, outro tricolor também resolveu torcer lá de cima. Tio Duduis, um são-paulino calmo e apaixonado por seu clube e pela roça, quando eu era bem criança tinha uma camisa do time do Morumbi, acho que foi presente dele (ou do Seu Orlando), nunca usei, já meu irmão que hoje é santista... Tem até foto comprovando. Outro tio que também já está lá em cima é o Tio Tarcísio, que não ligava para futebol, mas meus primos, todos são tricolores, logo ele não era muito fã do lado preto e branco. Lembro que nunca o vi bravo, estava sempre calmo e graças a ele aprendi a comer costela no bafo. Graças a Deus!

Dona Nina nunca ligou para futebol, ela foi e sempre será minha vózinha querida, gostava de doces e me mimava com os melhores presentes, dela ganhei meu Atari! Gostava de comer no Fazendão em Guará. Lembro de uma noite, em que ela se espantou com minha paixão pelo futebol. “Deixa disso, menino, isso não dá camisa para ninguém.” Pois é vovó, espero que um dia eu ganhe alguma coisa.

De todos o que eu era o mais apegado, era o Seu Bié, meu avô. Buscava água no copo bandeirante, tinha uma Variant marrom e trazia chocolate quando descia da estação de trem em Taubaté. Quando foi morar lá em cima, eu nem entendia direito esse lance de separar as pessoas de planos, quando me dei conta (anos depois) chorei e fiquei doente por um bom tempo. Dizem que não ligava pra futebol e que até proibiu um tio de ser jogador, mas meu pai (genro dele) conta que uma vez ele vibrou ao ver o Cruzeiro ganhar um jogo do Santos.

Saudades e mais saudades de todos eles, mas uma saudade doce, de pessoas especiais e que sempre estarão comigo.

De todos, minha vovó Nina estará ao meu lado domingo. Vovô Bié não sei, acho que ele nem ligava e deve estar do lado do seu neto.

Os demais, com certeza estarão lá do céu secando o Corinthians. Faz parte, saudades!