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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Retrato

Estou muito bem.
Escrevendo na madrugada, vendo filmes repetidos e tomando água gelada.
Ás vezes um jogo eletrônico, desta vez o calor me faz bem e mesmo longe será
Agora uma folha em branco, fotos e sorrisos, onde estarás?

Continuo me divertindo
Ouvindo músicas novas e velhas, lendo revistas de futebol e a seção de política
Pensei em estudar direito, mas vivo errado e durmo bem pouco
Sempre penso em correr ou andar, e a preguiça?

Ainda viajo bastante
Principalmente quando fecho os olhos, relembrando olhares perdidos
Logo estarei fugindo de outra boa ou péssima certeza
Não sei, sou de verdade um amigo?

Deixei de sonhar
A jabuticaba perdeu o encanto, ela fez de tudo para conseguir
É... Morangos pairam no ar
Vou me preparando, antes de partir

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

São Paulo

Tuas casas e prédios, vozes e suspiros
Danças e formas, lembranças e estilos
Metrópole cinza, mãe furiosa
Da chuva, do sol, das estrelas

A Casa de Deus e o porão do diabo
A passagem de todas as visões
Um sorriso errado e charmoso
Vozes, fé, verdadeira e falsas emoções

Vive a boemia nas vilas
O batente das industrias
Doces jardins de favelas
Miséria e luxuria

Os italianos que por aqui vivem
São tão japoneses quanto os lusitanos
Nossos hispânicos, árabes, latinos, libaneses, nordestinos
São judeus, sírios, polacos, africanos, todos paulistas, paulistano.

Linda cidade do vento, tão feia quanto o ódio das esquinas
Feita para todos os sonhos, em todos os tempos
São Paulo!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Eu te amo, sempre

Ausência que chega a doer a alma
Indiferença regando a tristeza
Mudanças incompreensíveis
Perdido, caminhando, velha certeza.

Voando por ares mágicos
Exímio dom do errado
Cores, gosto, pele e saliva
Coca Cola com café amargo

Não fique por muito tempo longe
Ainda vou te buscar
Na memória dias felizes
Quero sempre acreditar

A cada amanhecer
Quando deitar, lembrarei de seu rosto.
Sonharei com seu riso
Um dia após o outro

Eu te amo, sempre.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Homem Sem Lágrimas

Barraco comprado a prestação
Frieiras nos dedos dos pés
O Funk toca no lotação
Na padaria lotada um café

O sol já queima a vista
De olhos pra sempre fechados
Vendendo bilhetes e revistas
De sonhos nunca realizados

Almoço sem jantar
Um cigarro de palha na raça
Águia, borboleta, deu cobra no milhar
Sozinho, um velho sem graça

Tudo igual a ontem
Vidas passadas
Igual a sempre
Homem sem lágrimas

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Uma Declaração de Amor

Olhe fundo nos olhos cor de jabuticaba
De alma aberta aos céus
Conte seus sonhos, ouça os dela,
Emocione-se, e principalmente acredite

Diga palavras de verdade, sem curvas
Sonoras, poéticas, mas reais
Sem álcool, elucidações sóbrias
Poucas discordâncias, boas, velhas e naturais

Se uma lágrima insistir em cair
Não de na vista, tudo vai passar
Se o samba atravessar na avenida
O carnaval sempre vai virar

De canceriano para escorpiana
Parceria eterna de vidas
Dos beijos molhados, do frio e calor

O corpo mais lindo do mundo
Aproveito desses versos, e faço
Uma declaração de amor

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Eternos rivais, carroças do futebol

A rivalidade é antiga, têm muitas histórias, jogos memoráveis e outros nem tanto, tem gols, decisões, passagens engraçadas e acima de tudo muito equilíbrio. Foram dois jogos em 2011, uma vitória para cada lado, dois gols para cada um e 21 vitórias para cada lado, diante de 22 empates no confronto geral, definitivamente ninguém é freguês de ninguém, pelo menos até um deles vencer o próximo jogo, ai entra a parte divertida, onde um tripudia sobre o outro, por uma vantagem muito simples.

As duas equipes têm torcidas bem parecidas, que comparecem aos jogos, apaixonadas, exigentes, e que muitas vezes diante de tantas decepções parecem desacreditar, mas basta vencer alguns jogos, é lá estão novamente, sofrendo, torcendo e nos últimos anos, apenas sofrendo. Diferente apenas na nomenclatura, disputam divisões inferiores de onde seus apaixonados torcedores queriam, há anos flertam com o doce gosto do acesso e acordam na desesperança do quase. Sempre uma enorme frustração, sempre com lágrimas, suor e sangue de poucos abnegados, há anos histórias parecidas.

Se nos anos 50 e 60 o torcedor do Taubaté vibrou com grandes esquadrões, com títulos, e um time que parava os grandes da capital e o Santos de Pelé, se emocionou nos anos 70 com a conquista do “Integração do Vale”, com a força do “Clube Forte” que ergueu em estádio particular e uma bela sede social no bairro mais nobre da cidade e finalmente extasiou-se com o título de 1979 em cima justamente do maior rival, depois disso poucas alegrias e muitas desilusões.

E o torcedor do São José, teve o orgulho de chegar a elite do futebol nacional ainda nos anos 80, voltar nos anos 90, excursionar pela Europa e chegar a uma decisão de Paulistão, em um Morumbi lotado e quase ganhar o título. Teve a ainda o prazer de voltar no fim dos anos 90 á principal divisão do futebol paulista, mas pouco pode agüentar, neste século, assim como o grande rival , não sabe o que é jogar na primeira divisão, a decepção é enorme e freqüente nos corações joseenses.

Como já escrevi, a rivalidade é antiga, é pulsante e nenhum deles quer ficar abaixo. Escrever um texto como esse, morando em uma cidade, sendo praticamente de outra, pode me dar conhecimento de causa e ao mesmo tempo o risco de ser mal compreendido por ambos, mas a verdade está escancarada na cara de todos; são clubs bem parecidos, que vivem um momento ruim e pedem socorro.

Ary Kara, presidente do Taubaté, já disse que vai deixar o clube. No fim do ano passado, a sede social quase foi penhorada, as dívidas são altas e como o próprio ex-deputado afirmou que ninguém na cidade quer ajudar e muito menos o conselho (que marcou reunião para esta sexta-feira).

Em São José, a história e a mesma, em recente entrevista ao programa “Vale Esportivo” da Super Rádio Piratininga, o presidente da Águia do Vale, Robertinho da Padaria disse a mesma coisa, todos querem que o São José suba, todos dão tapinhas nas costas, mas que ninguém quer ajudar. “Da vontade de largar, somos uma cidade rica, porém pobre, muito pobre no futebol”, desabafou.

Nas margens da rodovia mais importante do país, no pólo tecnológico do Brasil, na região onde se fabrica carros e aviões, o futebol anda de carroça.

De quem será a culpa? Será que existem culpas, culpados, existe futuro? Espero que sim. Afinal, são clubes muito iguais nesses dias cinzas, mas que conquistam corações diferentes e proporcionam duelos eternos.

Fabricio Junqueira

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Amor Antigo

Um dia seco e sem graça
Memórias de um banco de carona
Palavras perdidas em sonhos velhos
Fumaças e danças de insônia

Telefonemas que não existiram
Escritas faladas com lágrimas
Pedinte, piegas e previsível
Irracional nas palavras

Quentes tardes cansadas
Madrugadas silenciosas
Imagens que confundem
Sempre a mesma aposta

E mais um ano se foi
Nada é diferente
Um roteiro conhecido

Um filme sem estrelas
O beijo na memória
Amor que já virou antigo

domingo, 28 de agosto de 2011

2042

2042

Vou gostar de você em 2042
Aceitar seu péssimo humor
E mesmo assim vou perder a noção da hora
E vou contar os segundos para o seu olhar

Vou lhe entender ainda mais em 2042
Ficarei triste com suas palavras duras
E no mesmo momento vou sonhar com seu riso
Brincando com as crianças no mar

Vou te surpreender em 2042
Quando você ficar irada com o nada
A noite lhe beijarei como nunca
E vamos juntos sonhar

E no fim, em 2011 ou 42
Aos 33 ou 64
Vamos viver uma vida
Não é nada difícil te amar.



domingo, 14 de agosto de 2011

Primeira Dama da Morte

Cada pedra em seu colar foi uma vida
As peles, anéis e pulseiras são de sangue
Péssimo gosto travestido na burrice
Cifras feitas de almas

Jantares de amputações
Os talheres de ouro são cruzes
Seu perfume cheira vela
Champagne de lágrimas

Felicidade assassina
Sociopata do péssimo conselho
Malandra de antigas histórias
Musa velha da tristeza

Larapia de sonhos e esperanças
Tenha uma péssima noite
Coroada pelas trevas
Primeira Dama da Morte

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Taubateanidades

O coração bate em azul e branco, a sirene da CTI sempre me emociona, o gosto da romã do quintal ainda está no paladar, a parada do trem incomoda, mas gostaria que tivesse bem mais.

Os ponteiros da mente estão nos que os "estrangeiros" chamam de Prédio do Relógio, a manga vem do sítio de Lobato, trapalhadas e extraterrestres no Palas, onde antes passei pelas Palmeiras.

Nossa Senhora nos de Graças, nas barbas de São Francisco. Abençoada Santa Terezinha, dos lanches da madrugada e das andanças da tarde.

Velha modernidade da Independência, aconchego italiano do distrito, pastel de queijo no mercado, carnaval no clube, saudades de todos os amigos.

E mesmo com tanta sacanagem no Palácio que já foi do bom conselho, ainda acredito na sua gente e tudo pode mudar.

Mesmo morando quase do lado, o sorriso dela nos intervalos ainda me faz sonhar.

Estoura o rojão Maciel, "sorta" o Burro e vamos pra cima!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Apenas uma voz que se calará, pelo menos agora.

Como tantas já se calaram, como tantos que já deixaram seus afazeres, que já abandonaram esposas, filhos, pai, mãe e irmãos por um sonho, por um clube, que a cada dia que passa torna-se mais difícil de acreditar que ainda terei ou teremos motivos para sorrir de verdade.

Ninguém tem a fórmula de se medir um amor, aprendi ao longo do tempo, que amor não se mede, sente-se. Seja através de um relacionamento amoroso, ou em um projeto profissional, ou mesmo na criação de um filho. Sempre achei estranho alguém dizer que sente mais ou menos por alguém ou por algo. Não conheço absolutamente ninguém que tenha a exata percepção do coração alheio. Chega-se perto, sente-se junto, mas nunca com a mesma intensidade.

Seria uma muleta para este texto, e de certa forma, até mesmo uma soberba enumerar as situações, os momentos e as alegrias e tristezas que vivi ao longo desses anos acompanhando o meu clube do coração. Seria até chato enumerar datas, escalações, vilões e bandidos. Não é esse o motivo, não é por isso que em uma fria madrugada de quase junho, escrevo essas linhas. O coração magoado é que me deixa acordado, a lucidez consciente é que aparece para cobrar com juros e correções, cada lágrima derrubada, cada manhã e tarde de sol, cada suor, cada dia das mães e pais perdidos em arquibancadas e estradas.

O que o meu clube do coração viveu nesta década, o que cada um sofreu e viveu momentos de apreensão com as terceirizações, com as péssimas administrações, com o patrimônio do clube dilacerado em troca de um ginásio que não serve nem para rachão de “solteiros contra casados”, com rebaixamentos, parece não ter servido para nada. O meu clube do coração chegou ao último patamar do futebol paulista e por algumas vezes, acreditei que de lá não mais sairia.

Coube a atual e anterior diretoria, começar um trabalho de resgate em 2009, um trabalho que começou a render apenas pequenos brotos, mas que pode ser ceifado através de uma assinatura, uma “parceria”, e algum dinheiro. Um trabalho que fez novamente meus olhos brilharem, o coração se encher de esperança e até me fazer acordar em um domingo pela manhã para ver uma partida de futebol embaixo de um sol de verão e uma camisa preta (pois dava sorte). E confesso que sinto de coração que essa diretoria tenha caído no conto do “Bonaparte Paraguaio”, mesmo dizendo que ele será apenas um funcionário, enquanto seus laranjas abotoam o paletó e imaginam cifras.

Somos quem podemos ser. Se não havia condições de disputar determinado campeonato, se o foco era arrumar as arquibancadas do estádio, que não disputassem, não seria vergonha, afinal quem não disputa há seis anos, um a mais não faria diferença.

Meu time do coração sempre perdeu para si próprio, já escrevi e volto a escrever. A desunião sempre foi um grande problema. Desta vez, minha voz se calará, não estarei presente em nenhum dos jogos onde qualquer que seja a empresa ou padeiro (como bem escreveu o Casarin) esteja vestindo a camisa que tanto gosto. O sentimento continuará guardado aqui dentro, afinal meu clube do coração é o Esporte Clube Taubaté

Espero um dia voltar!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Bendito!

Bendito o amor de seus fiéis
Bendito cada gol marcado em cem anos
E não nos esqueçamos das derrotas
Pois delas crescemos para vitórias.

Bendito o grito do povo
Bendita também ás lágrimas derramadas
E lembraremos que em cada tarde de sol
Sempre estaremos juntos.

Bendito o sofrimento daqueles anos terríveis
Bendita libertação de 1977
E vibraremos em cada momento
Em todas as noites, com ou sem estrelas.

Nossos agradecimentos por esse sentimento
Nossos agradecimentos por apenas ser
Corinthians!

terça-feira, 22 de março de 2011

Lindos cabelos dourados

Conheci uma garotinha
Que já conhecia de outros tempos
O mesmo sorriso, a mesma voz calma
Lindos cabelos dourados

Olhos claros como o céu
Charmosa timidez de sempre
Vontade de te conhecer mais
Mergulhar nos seus espaços

Entender sua ausência
Perceber sua felicidade
Sentir seus abraços

Conhecer seu gosto
Ver seus sonhos
Crescer ao seu lado

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Tardes de Carnaval

Cheiro de asfalto molhado. O sol bate forte e castiga o meio da tarde, as pessoas estão sorrindo e brincando uma marchinha quase infantil. Na beira da calçada um bêbado feliz cantarola uma canção qualquer, e crianças iniciam uma guerra de confetes e serpentinas em meio a uma pequena e feliz multidão. Não existem conflitos e regras claras para diversão, a festa é de fato democrática e o bloco segue feliz pelo asfalto que aos poucos vai secando, esperando outra chuva daquelas.

Tênis da moda, chinelos e pés descalços, brancos, amarelos, vermelhos, azuis, negros, verdes, carecas, chapéus, foliões. Todos são absolutamente iguais e compõe uma vista simples e alegre, de pessoas, de espíritos que radiam a tal felicidade que todos estão sempre procurando, mas quando acham acabam não a percebendo, por isso são felizes. Assim vai ganhando corpo, ganhando vida um bloco que arrasta gente, sonhos e paixões. A animada banda parece não se cansar, as notas musicais, a percussão, a canção em si invade os corações e inspira beijos e abraços. Até mesmo aqueles mais comportados, nas sacadas de apartamentos ou janelas, dançam daquela forma tímida, mas feliz.

Mais uma vez, a chuva cai e abençoa com o frescor o calor daquelas almas irradiantes. E o cordão popular fica ainda maior, as vozes perdem um pouco o compasso, mas não diminuem a empolgação. A musa dança e sabe que apenas naquele dia, naquele momento, será a grande estrela dos sonhadores e a paixão dos platônicos de plantão. Ela sabe que na quarta-feira, voltará a andar de ônibus e contar os trocados para tentar se divertir. A mesma doce ilusão de cada um dos batuqueiros, e do cantor de voz grave, que venderá filmes falsificados em uma feira popular.

No fim da tarde, alguns irão recolher latinhas, outros limpar o que restou das serpentinas e confetes. Cada folião lembrará com sorriso no rosto dos momentos felizes, outros irão dormir embriagados ou cansados. Os casais irão fazer juras de amor, ou fingirão que não se conhecem, em busca de novas aventuras.

O samba, a marchinha, continuará tocando em outros cantos, em outras praças e salões. A alegria continuará por mais dias e quando chegar à quarta-feira de cinzas sobrará saudades, lágrimas nos olhos, sonhando com tardes de carnaval.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sorriso de Domingo

Eu não sei pensar como preciso
Muito menos vestir as roupas adequadas
Esqueci como reclamar dos dias
Caminhei a esmo por quadras

Vendi cabeças dominadas
Perdi a noção do espaço
Naveguei pelo mar do nada
Uma vida triste e parada

Eu não sei escrever como deveria
Assisti o fim dos dias de janeiro
O mundo ficou um pouco sem graça
Mesmo com a piada do cartão de fevereiro

Lindo e irreal sorriso de domingo!
Outras vezes, sempre
Sorriso de domingo.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Fatos e “facts” em azul e branco

Gilsinho não bateu pênalti no Joaquinzão e acertou o gol do Martins Pereira e muito menos o Judas perdeu suas botas defendendo um chute dele com os pés. Os chamados “facts” criados pelo publicitário Fabio Soares fazem tanto sucesso quanto o artilheiro do Taubaté e do Paulista A-3. São divertidos, e a cada gol, a cada jogo, mais e mais torcedores embarcam nesta divertida brincadeira. Mas a realidade é bem mais nítida aos olhos de um futebol sem glamour, sem exageros e capitalismo selvagem. A verdade transborda no cotidiano de um esporte que transforma corações e almas, onde nada é exato, e um sorriso pode ser o prelúdio de lágrimas.

Depois de muitos anos, depois de tantas incertezas, o único clube de futebol da cidade começa uma temporada despertando atenções e empolgando uma torcida apaixonada e triste. Taubaté está respirando feliz, mesmo com tantas dificuldades em seu dia a dia. Não quero ser o cara chato, cortar o barato, longe disso. Não preciso lembrar neste texto os inúmeros problemas que a cidade vive. Basta viver, olhar um pouco para sua vizinhança, andar pelas ruas da cidade e ouvir, principalmente ouvir.

Muitos acreditam piamente em palavras que há décadas foram jogadas ao vento, boatos que planaram nas idéias de tantas pessoas, que quase parecem verdades. São conceitos e pré-conceitos, teorias absurdas, que ainda hoje, em tempos em que a informação está a um clique, conseguem atrapalhar um mundo real que está beijando a testa de cada um que está lendo ou não este texto. Chega a ser cansativo e piegas ouvir arautos da inteligência gritar a pleno pulmões que a fase boa acabará na fase decisiva, pois o clube “não tem interesse em subir”

Alguns mais toscos chegam a explicar detalhadamente uma teoria de conspiração baseada em números e interesses financeiros. Não vou gastar linha, teclado e muito menos a paciência do leitor em contar essas baboseiras, apenas digo que há alguns anos o dinheiro da venda de ingressos quase não importa na receita de alguns clubes.

Antes pensava que essa falta de conhecimento e informação era privilégio de certo grupo de torcedores que viveram o auge e acabam morrendo para o momento e vivendo de boas lembranças. Agora, afirmo que muitos, independente de idade, classe social ou qualquer outro limitador, muitos vivem neste ridículo e preguiçoso pensamento conformista (talvez herança dos anos de chumbo) de que existe uma força dentro do Taubaté que não quer voltar a elite do futebol paulista. Para esses profundos conhecedores do futebol, para os imbecis conformistas, acho que a grande sacada é rever os conceitos, vestir azul e branco, cobrar sempre o melhor e jogar junto. Se não, esqueçam o futebol e o Esporte Clube Taubaté. Torçam por suas grandes equipes da capital, e quando estiver em uma roda de amigos falando de mais uma vitória ou revés do Burro da Central, mude o olhar, vá buscar a cerveja ou fique na sua!

De fato, os “facts” são divertidas brincadeiras, mas os gols, as vitórias, a invencibilidade na A-3, liderança e artilharia, são bem reais. Batam palmas, ajudem ou morram mais uma vez para o futebol do Taubaté. Espero que vocês batam palmas e vibrem também. Afinal, o Esporte Clube Taubaté é bem maior que qualquer um de nós.

Vivam o dia, não morram esperando mais um renascimento.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Soneto para Janaina

Magrela e caipirinha, cambitos charmosos da publicidade
Palavras na ponta da língua, inteligente e ciumenta
Guerreira dos ares, alvinegra
Nervosa, mais quente que pimenta.

Velhos beliscões sinceros
Telefonemas nas manhãs de sábado
Cinema apertado e pequeno
Andando de pedalinho no lago

Salas de aulas, árvores e noites encantadas
Empurrões, brigas, risos e beijos
E um momento de intensa dor

Menininha que surgiu no trote
Traço fino, caráter forte
Terás sempre o melhor amor.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Entrelinhas

Apenas pelo jeito de olhar entendo seu mundo
E ainda sinto o mesmo medo de sempre
Parece que nada mudou
Livre como um pássaro

Realidades diferentes, distantes e, às vezes, tão próximas
Confusões que quase, ou ninguém, entende
Sonhos passados e pouco sonhados
Uma alma livre

Aprendizado de todos os momentos
O mais belo verde do universo
Canções de tambores
Amores serão sempre amáveis...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Vai começar de novo!

É sempre assim, chega o ano novo e lá vêm as mesmas frases: “Faz mais de vinte anos que eu ouço a mesma história, desta vez vai”, “montaram um time forte desta vez”, “dizem que o goleiro e o centroavante são muito bons” ou a pior delas: “largue mão disso, não vai pra frente”.

Até parece um filme daqueles que você sabe até a fala dos personagens, mas que sempre assiste, não importa quantas vezes. Seria então um vício, mania, teria alguma palavra para descrever essa mesma história que se repete há tantos anos? Pessoas de diferentes personalidades, idades, sexo, religião, conceitos e até pré-conceitos, trocam um domingo ou até mesmo um fim de semana para acompanhar um simples clube de futebol.

Vai começar novamente, e milhares de corações apaixonados irão deixar seus afazeres, amigos, esposas e maridos, filhos, namoradas e namorados, pais, irmãos, a vida e durante um ou dois dias da semana estarão com seus olhos voltados a um time de futebol que há anos não oferece uma alegria de verdade, que pelo contrário, que machuca que faz sofrer e chorar, que faz acreditar que o acesso da última divisão é o algo verdadeiramente grandioso diante de sua história quase centenária.

A bola vai rolar pelos campos do interior. Mais uma vez o Esporte Clube Taubaté buscará seu lugar ao sol, sua honra tão perdida que chega a ser preciosa demais. Muitas pessoas, pessoas que você gosta, que freqüenta suas reuniões familiares, sua casa, sua vida, estarão mais uma vez acreditando em algo muito difícil. São guerreiros, pessoas que sonham, com sensibilidade e verdade. Pessoas que não renegam suas raízes.

São onze jogadores para cada lado, trata-se de um jogo, a linha que separa o vencedor do derrotado é tênue e o esporte fabrica vilões e heróis e os transformam da noite para o dia com uma velocidade espantosa. E mesmo assim, sempre teremos corações de verdade pulsando em azul e branco. Poderia escrever sobre o desenho tático da equipe, as opções do técnico Paulo César, as contratações da diretoria, do trabalho do presidente ou até mesmo da força de vontade dos atletas. Escrever, ou relembrar os poucos momentos mágicos, como em uma noite de novembro de 1979, ou a camisa zebrada campeã de 54. Talvez, seria mais interessante informar quem são os atletas, como foi a pré-temporada, quem discutiu contrato caro, quem fez isso ou aquilo. Mas não é esse o objetivo, em hipótese alguma.

Este texto é para aqueles que estão agora lendo estas linhas e relembrando seus momentos ao lado do Burro da Central. Aqueles que estão afastados e tristes, que cansaram, que olham para aquele estádio velho na John Kennedy e pensam: “tai um lugar que eu nunca vou entrar” Os guerreiros (ou malucos) que foram citados no início deste texto, não precisam ler esta coluna, eles fazem algo bem melhor e mais real: eles vivem.

Se você, não quer mais viver este sentimento tão paradoxo, amar o quase sempre perdedor, que já passou por boas e más nas arquibancadas do “Gigante de Concreto do Jardim das Nações” ou as saudosas arquibancadas de madeira do majestoso e inesquecível “Campo do Bosque! Você que nunca sequer procurou entender que existe um clube de futebol na cidade, você que detesta o esporte, mas que gosta de gente e de coração, que tal um amor incondicionalmente e maravilhosamente burro?

Certamente pouca coisa lhe dará em troca, ás vezes até algumas desagradáveis dores de cabeça (principalmente depois que inventaram o pior horário do século, jogos aos domingos pela manhã) ou estômago. Quem sabe você ganhará um bronzeado tomate no sol que queimará sua pele sem nenhuma piedade. Você também vera muitas vezes a razão para todo esse sacrifício perder jogos para equipes inexpressivas dentro de sua própria casa.

E no fim, depois de toda essa irritante realidade, sua cabeça viajará a um mundo azul e branco e a fantasias por dias melhores.

Cansou das coisinhas sem alma de todos os finais de semana, que tal se juntar a esses loucos apaixonados?

Deu saudades dos anos gloriosos do passado?

Ligue o rádio neste sábado, o jogo será às 19h contra a Itapirense. E domingo próximo cometa o absurdo de não dormir até mais tarde e vá com seu filho (a), amigos, esposa (o), namorada (o), vizinho, professor, ou até mesmo sozinho ao Joaquinzão e conheça um mundo que lá no fundo é bem divertido.

"E sorta o Burro!!!"

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ídolo de Verdade

Craque de verdade arruma o meião, pisa no gramado, toma pancada, bate, luta, dribla, marca gols e no fim da partida, ganhando ou perdendo, olha de cabeça erguida para seu torcedor. Ele da entrevistas no fim da partida (não foge pelas portas dos fundos), é quem dá a cara para bater quando nada está indo bem, ou é o primeiro a ser reverenciado por seus fãs nas vitórias. Esse jogador não precisa ser mágico, não precisa dar passes milimétricos ou fazer jogadas imortais, veste a camisa e luta por ela como se fosse sua vida. Ele sua e chora sangue (sem exageros), representa mais que um simples jogo, representa o sentimento de uma instituição, de muitos corações.

Esse jogador é antes de tudo gente, que acerta e erra, mas com verdade nos olhos, dentro ou fora de campo. É o cara que recebe muito bem pelo que faz, mas faz com um amor comovente, que acaba sendo símbolo para gerações, para uma história toda. O atleta, pode até sair, defender outra instituição, mas quando consegue ser o que as linhas acima descrevem durante um bom tempo por um clube, ele acaba encarnado para sempre com aqueles cores, com aqueles sonhos e momentos felizes e tristes. É um ídolo real, gente que vibra e sofre, não é uma sigla ou um fantasma

Um desses ídolos de verdade, já parou sua luta dentro das quatro linhas há alguns anos. Defendeu outros clubes, e hoje tem o privilégio de opinar, de apontar erros e acertos, sempre com a mesma verdade nos olhos dos anos anteriores, dos tempos de jogador.

Foram tantas alegrias no campo, foram tantas alegrias fora de campo, também tristezas. A vida às vezes é cruel com as pessoas que a encaram de verdade, que não tem medo de viver, mas não é, e nem será cruel para sempre, e não foi. Esse ídolo há anos mudou para o outro lado do balcão, trocou o calor do estádio lotado pelo gelo do ar-condicionado dos estúdios.

Quantas vezes em minhas memoráveis partidas de futebol de mesa, esse ídolo fez memoráveis gols, artilheiro nato. Quantas goleadas, quantos passes de Sócrates e Zenon... Em minha memória infantil não havia espaço para empates e derrotas, apenas vitórias e festas em preto e branco. Na vida real, lembro de gols contra o grande rival verde, contra tricolores e o outro alvinegro. Lembro até de quando ele jogou do outro lado e perdeu em Taubaté.

Foi ao lado do Doutor e do Biro-Biro meu primeiro ídolo, um dos responsáveis por um coração alvinegro declarado e sempre feliz.

Walter Casagrande Junior é real, é de carne osso, tem história, tem vida, passado e futuro.

Seus comentários no último domingo e nesta segunda-feira, sobre clubes fantasmas, sobre essas aberrações do esporte que mudam a camisa e o nome como mudamos de cuecas e meias foram de uma maestria de quem fez os gols mais legais dos anos 80. Sua ironia, questionando se tal clube havia ganhado algum título no ano passado, se tal clube tem torcedor, foi verdadeira. A voz de milhões de apaixonados por futebol, o pensamento de torcedores que estão perdendo o brilho no olhar, que estão tirando o pé e concluindo que se continuarmos assim, não teremos mais verdade, paixão, suor, lágrimas e história no futebol.
Não teremos mais torcedores, não teremos mais ídolos como Casagrande, e nem textos como este.

Valeu Casão, mais um golaço!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Dias reais

Sabe aqueles dias que você se sente quase um nada?
Dias de chuva, de erros, de tédio.
Quando a musica não orna ou toca errado
E o tornozelo torce no primeiro passo?

Sabe aqueles dias em que não existe bom dia?
Que as nuvens ficam no ar
De frio de trincar a alma
Quando você está muito devagar?

Dias sem graça
Dias sem vida
Dias tristes
Dias reais