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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Apenas uma voz que se calará, pelo menos agora.

Como tantas já se calaram, como tantos que já deixaram seus afazeres, que já abandonaram esposas, filhos, pai, mãe e irmãos por um sonho, por um clube, que a cada dia que passa torna-se mais difícil de acreditar que ainda terei ou teremos motivos para sorrir de verdade.

Ninguém tem a fórmula de se medir um amor, aprendi ao longo do tempo, que amor não se mede, sente-se. Seja através de um relacionamento amoroso, ou em um projeto profissional, ou mesmo na criação de um filho. Sempre achei estranho alguém dizer que sente mais ou menos por alguém ou por algo. Não conheço absolutamente ninguém que tenha a exata percepção do coração alheio. Chega-se perto, sente-se junto, mas nunca com a mesma intensidade.

Seria uma muleta para este texto, e de certa forma, até mesmo uma soberba enumerar as situações, os momentos e as alegrias e tristezas que vivi ao longo desses anos acompanhando o meu clube do coração. Seria até chato enumerar datas, escalações, vilões e bandidos. Não é esse o motivo, não é por isso que em uma fria madrugada de quase junho, escrevo essas linhas. O coração magoado é que me deixa acordado, a lucidez consciente é que aparece para cobrar com juros e correções, cada lágrima derrubada, cada manhã e tarde de sol, cada suor, cada dia das mães e pais perdidos em arquibancadas e estradas.

O que o meu clube do coração viveu nesta década, o que cada um sofreu e viveu momentos de apreensão com as terceirizações, com as péssimas administrações, com o patrimônio do clube dilacerado em troca de um ginásio que não serve nem para rachão de “solteiros contra casados”, com rebaixamentos, parece não ter servido para nada. O meu clube do coração chegou ao último patamar do futebol paulista e por algumas vezes, acreditei que de lá não mais sairia.

Coube a atual e anterior diretoria, começar um trabalho de resgate em 2009, um trabalho que começou a render apenas pequenos brotos, mas que pode ser ceifado através de uma assinatura, uma “parceria”, e algum dinheiro. Um trabalho que fez novamente meus olhos brilharem, o coração se encher de esperança e até me fazer acordar em um domingo pela manhã para ver uma partida de futebol embaixo de um sol de verão e uma camisa preta (pois dava sorte). E confesso que sinto de coração que essa diretoria tenha caído no conto do “Bonaparte Paraguaio”, mesmo dizendo que ele será apenas um funcionário, enquanto seus laranjas abotoam o paletó e imaginam cifras.

Somos quem podemos ser. Se não havia condições de disputar determinado campeonato, se o foco era arrumar as arquibancadas do estádio, que não disputassem, não seria vergonha, afinal quem não disputa há seis anos, um a mais não faria diferença.

Meu time do coração sempre perdeu para si próprio, já escrevi e volto a escrever. A desunião sempre foi um grande problema. Desta vez, minha voz se calará, não estarei presente em nenhum dos jogos onde qualquer que seja a empresa ou padeiro (como bem escreveu o Casarin) esteja vestindo a camisa que tanto gosto. O sentimento continuará guardado aqui dentro, afinal meu clube do coração é o Esporte Clube Taubaté

Espero um dia voltar!