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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Eternos rivais, carroças do futebol

A rivalidade é antiga, têm muitas histórias, jogos memoráveis e outros nem tanto, tem gols, decisões, passagens engraçadas e acima de tudo muito equilíbrio. Foram dois jogos em 2011, uma vitória para cada lado, dois gols para cada um e 21 vitórias para cada lado, diante de 22 empates no confronto geral, definitivamente ninguém é freguês de ninguém, pelo menos até um deles vencer o próximo jogo, ai entra a parte divertida, onde um tripudia sobre o outro, por uma vantagem muito simples.

As duas equipes têm torcidas bem parecidas, que comparecem aos jogos, apaixonadas, exigentes, e que muitas vezes diante de tantas decepções parecem desacreditar, mas basta vencer alguns jogos, é lá estão novamente, sofrendo, torcendo e nos últimos anos, apenas sofrendo. Diferente apenas na nomenclatura, disputam divisões inferiores de onde seus apaixonados torcedores queriam, há anos flertam com o doce gosto do acesso e acordam na desesperança do quase. Sempre uma enorme frustração, sempre com lágrimas, suor e sangue de poucos abnegados, há anos histórias parecidas.

Se nos anos 50 e 60 o torcedor do Taubaté vibrou com grandes esquadrões, com títulos, e um time que parava os grandes da capital e o Santos de Pelé, se emocionou nos anos 70 com a conquista do “Integração do Vale”, com a força do “Clube Forte” que ergueu em estádio particular e uma bela sede social no bairro mais nobre da cidade e finalmente extasiou-se com o título de 1979 em cima justamente do maior rival, depois disso poucas alegrias e muitas desilusões.

E o torcedor do São José, teve o orgulho de chegar a elite do futebol nacional ainda nos anos 80, voltar nos anos 90, excursionar pela Europa e chegar a uma decisão de Paulistão, em um Morumbi lotado e quase ganhar o título. Teve a ainda o prazer de voltar no fim dos anos 90 á principal divisão do futebol paulista, mas pouco pode agüentar, neste século, assim como o grande rival , não sabe o que é jogar na primeira divisão, a decepção é enorme e freqüente nos corações joseenses.

Como já escrevi, a rivalidade é antiga, é pulsante e nenhum deles quer ficar abaixo. Escrever um texto como esse, morando em uma cidade, sendo praticamente de outra, pode me dar conhecimento de causa e ao mesmo tempo o risco de ser mal compreendido por ambos, mas a verdade está escancarada na cara de todos; são clubs bem parecidos, que vivem um momento ruim e pedem socorro.

Ary Kara, presidente do Taubaté, já disse que vai deixar o clube. No fim do ano passado, a sede social quase foi penhorada, as dívidas são altas e como o próprio ex-deputado afirmou que ninguém na cidade quer ajudar e muito menos o conselho (que marcou reunião para esta sexta-feira).

Em São José, a história e a mesma, em recente entrevista ao programa “Vale Esportivo” da Super Rádio Piratininga, o presidente da Águia do Vale, Robertinho da Padaria disse a mesma coisa, todos querem que o São José suba, todos dão tapinhas nas costas, mas que ninguém quer ajudar. “Da vontade de largar, somos uma cidade rica, porém pobre, muito pobre no futebol”, desabafou.

Nas margens da rodovia mais importante do país, no pólo tecnológico do Brasil, na região onde se fabrica carros e aviões, o futebol anda de carroça.

De quem será a culpa? Será que existem culpas, culpados, existe futuro? Espero que sim. Afinal, são clubes muito iguais nesses dias cinzas, mas que conquistam corações diferentes e proporcionam duelos eternos.

Fabricio Junqueira

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