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terça-feira, 19 de junho de 2012

Moças de uma nave espacial

Ela chegou voando dentro de uma nuvem colorida
Cabelos amarelos encaracolados
Uma nave espacial nunca antes vista
E um simpático nariz de palhaço

Gesticulava, ria e encantava.
Usava uma boina vermelha
Cantava Chico e Beatles
Falava o que vinha na telha

Beijos imagináveis e reais
Abraços sentidos
Vidas que passam e ficam
Sonhos quase perdidos

Brilhou e sumiu de repente
Olhos de chuva e vento
Tambores que batem na mente

A nave, depois voltou
Agora os olhos são de sol e brisa
Apenas mais um dia diferente

terça-feira, 12 de junho de 2012

Amor que acabou virando história

Ela chegou devagar, ele quase não percebeu sua presença, um rápido “oi” e pouco se olharam nos olhos. A noite estava fria, ela sempre mais madura, involuntariamente procurava uma forma de se reaproximar do cara que sabia ser o mais importante na sua vida. Ele não tinha a certeza de tempos atrás, quando ela foi seu grande amor, estava perdido em noites vazias e etílicas, em discos e memórias antigas, em beijos frios e noites de sono.

Seus corações nunca bateram no mesmo compasso, enquanto um estava no bolero, o outro arranhava uma marchinha animada. A vida fazia o possível para que os dois sempre se encontrassem e, por muitos anos o destino tentou fazer sua parte, ambos jogaram contra, cada qual do seu jeito, com inércia e excessos.

Certa vez, em uma cafeteria, ela tomou café e ele, mesmo com frio, tomou uma água com gás. Na mesma mesa, conversaram amenidades, ela continuava estudando e ele escrevendo. Não falaram sobre o passado (que ficou no vento de ontem), tampouco de um futuro inexistente. Não havia sorrisos ou ressentimentos, havia vidas que se cruzaram.

Embora ela mesmo que não saiba, tente sempre estar perto, em busca de segurança, e acredite que a história ainda não acabou. Ele tenta todos os dias se convencer do contrário, ou seja, que se findou o sonho.

O tempo acabou passando, a história ou sonho, seja como for, já havia começado há quase 50 anos. Ela sempre pensa em apresentá-lo aos netos em uma tarde de férias. Ele, sentado na areia da praia, às vezes esquece o caminho da própria casa, mas não de seus olhos de jabuticaba.

O tempo fez sua parte, ambos viveram ainda mais alguns anos, ele foi antes, deixou pouca coisa para a família, para ela diversos registros escritos de um inocente amor. Ela de tão velhinha nem sabia o que eram aquelas folhas, quase esfareladas pelo tempo. Quando deixou o mundo não se lembrava do rapaz.