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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

João

João cansou…

Cansou de ser o “João” do Mané, de correr para nada e cair sentado. Cansou de ser o palhaço, o velho pinguim de geladeira, o pobre desgraçado que sobrevive de migalhas de atenção, coadjuvante coitado, sorrindo para ninguém, calado

Cansou de levar sempre o mesmo drible, o lado direito. Não tem respeito, caiu como idiota, aplausos irônicos, um Maracanã de risos, uma foto humilhante, sente na alma o desprezo, a indiferença, olhando para o nada, derrotado

João cansou e reagiu…

Deu uma pancada violenta, assassina, no joelho da sua vida. Cuspiu no algoz, sentiu a hombridade da vaia, a expulsão gloriosa, a desforra como poderia ser, sem teatro, sem meias palavras

Desceu pelas escadarias do velho vestiário, recompensado pelo ódio alheio, com a camisa ainda suada de um esforço agora verdadeiro, um troféu vermelho, vivendo para sempre, pleno, consciente, perdendo ou vencendo.

João deixou de ser o “João” do Mané.

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