Era só mais um fulano sem lar, sem teto, eira, beira, berço, cama e mesa. Rosto feio, cabelos de fogo, sardas, barriga de verme e cabeça de lua. Sem conhecimento, quase xucro, um andar desengonçado e um olhar ingênuo.. Tinha vergonha do espelho, não conhecia as letras, contava nos dedos o que sabia dos números e pouco tinha fé .
Apanhou da vida desde que se percebeu no mundo. Era desprezado pelos irmãos, sem pai e uma mãe enferma. Foram muitos socos e pontapés, um tapa no rosto era quase um carinho. Era o frio da alma, o silêncio da indiferença, o choro sempre contido e abafado de um medo cheio de sentidos.
Sua mente bailava entre lágrimas e soluços, seu sonho eram noites de tempestades. Seu desespero uma verdade e seu espírito o cansaço de inglórias e fracassos. O coração pulsava a solidão, em seu sangue o rancor quase justo, nas entranhas o ódio de todos os tempos.
Quando a morte chegou, esboçou um sorriso e pela primeira e única vez agradeceu, só não se sabe a quem...
Quem?
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